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domingo, 18 de agosto de 2013

Encontro





ENCONTRO

Tens em meus lábios o doce segredo
Que cativa minha boca em trilhas
E me desvelas o beijo e compartilhas
Das chamas que não são degredos.

Sou a busca do amor enternecido
Perdidamente amante de teu coração
Onde ainda há pouco resvalei minha mão
No teu peito de sonhos destemidos.

E meu coração descompassa, te abraça,
Como se num instante eu pudesse ser
O vulto dessa asa viva em teu querer
A beijar-te com vinhos na minha taça.

E rendo-me à tua boca, ó prisioneiro,
Nas celas da tentação de teu ninho
Embebida nas noites que caminho
Alvejada pela tua flecha de arqueiro.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

domingo, 11 de agosto de 2013

P A I


PAI

Do teu rosto
Quanto me lembro....
Daquelas marcas na testa
franzindo teu semblante,
num misto de austeridade
tantas vezes tão breve, passageira,
suavizada por tua bondade.

Da tua voz
quanto me lembro...
Chamando- me “minha filhinha”
entre carinhos e reprimendas
explicando-me o certo e o errado
ou ensinando-me as horas
orgulhoso de seu relógio de bolso.

Das tuas mãos,
saudosa me lembro...
Dos desenhos que fiz seguindo
o caminho das veias azuladas de labutas,
naquela jovem mão calejada da enxada
e das cordas que guiavam animais
desde sua tenra idade ao sol do trabalho.

Dos teus passos...
Quanto me lembro
daquele pisar forte
chegando às tardinhas
de passos já cansados
chamando-nos à sua volta
conferindo o hoje de cada um,
pedindo nossas escolhas
para passeio no domingo, depois da missa.

Ah...e tua espontaneidade
naqueles passos abrindo o baile
com desenvoltura dançando
arrasta-pé, catira e valsa!

E quanto me lembro
daquele carinho recheado
de alegria e aconchego ao cair da noite,
junto dos filhos contando estórias e histórias,
esperando o nosso sono chegar com sua benção
para depois dormir no sossego do merecido repouso...

Ah... Meu querido Pai!
Quanta saudade!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sábado, 3 de agosto de 2013

Rio Revolto


RIO  REVOLTO 

Há um rio revolto levando águas
para as corredeiras chorosas
margeando encostas sem mágoas
atravessando distâncias amorosas.

Desliza solto, corre, invade
campos, florestas, cerrados,
murmurando com toda agilidade
a dor de ser só, triste, agoniado.

Serpenteia águas em seu curso
mas não crê que haverá uma foz
que o amaine desse triste discurso...

Segue incrédulo em seu leito atroz
fazendo das quedas rito e percurso
onde a lágrima é barco veloz!

Sem ver a barcaça e o albatroz
sobre o mar, sua verdade e foz!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®